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Introdução ao Triatlo

Introdução ao Triatlo

O triatlo é uma modalidade desportiva que compreende 3 desportos: a natação, o ciclismo e a corrida, uma a seguir à oura e por esta ordem. Existem várias distâncias sendo que a mais popular entre elas é a distância Ironman que todos os anos atrai diversos atletas com o sonho de se tornarem um Ironman.


1) Introdução: quem é o Sérgio Santos e a sua formação.

Considero que sou essencialmente um apaixonado pelo desporto em geral, desde sempre, e um amante do Triatlo em Particular. Comecei muito jovem, aos 9 anos, a treinar quase diariamente tiro com arco, e cedo percebi que gostava não só de praticar, mas também de ensinar, de motivar, e de criar dinâmicas de grupo em torno do todos os meus projetos. Realizei o ensino obrigatório na região parisiense em França, onde nasci de uma família de imigrantes, conclui o ensino secundário em Vendas Novas e licenciei-me em Educação Física e Desporto em 1995 pela Faculdade de Motricidade Humana (FMH). Concluiu o mestrado em Treino de Alto Rendimento Desportivo em 2003 na modalidade de Triatlo também na FMH e em 2011 concluiu o título de especialista pelo Instituto Politécnico de Santarém nas áreas de Alto Rendimento em Triatlo e Formação de Treinadores na Escola Superior de Desporto de Rio Maior onde leciono desde 2010.


2) Sérgio, conta-nos um pouco sobre o teu percurso como treinador de triatlo.

Diria que me sinto treinador desde sempre. Logo no ensino secundário fui treinador de basquetebol da equipa de Desporto Escolar, treinei a Seleção Nacional Junior de tiro com arco entre 1994 e 1995 e a partir de 1996 comecei a treinar duatletas e triatletas, fazendo parte também da equipa de formação de treinadores de Federação de Triatlo de Portugal a partir de 1998, onde tirei os cursos de treinador de nível 2 em 1997, nível 2 em 1998 e de Nivel 3 no INEF de Madrid em 2001. Diria que a grande mudança foi a partir do ano 2000, quando fui convidado para o cargo de Diretor Técnico da Federação do Triatlo de Portugal, e numa estrutura então muito pequena, acumulei funções de selecionador e treinador do CAR Jamor. A partir de aí, a dedicação foi total ao triatlo, e abandonei o ensino para me dedicar a um projeto de renovação das Seleções e criação de condições aos atletas portugueses que permitisse competirem de igual para igual com os seus adversários. A partir de 2002 os resultados começaram a surgir, com as primeiras medalhas internacionais no triatlo em 2003 e primeira participação Olímpica em Atenas 2004 com Vanessa Fernandes.

Entre 2000 e 2010 enquadrei diversos atletas e coordenei uma equipa multidisciplinar da FTP, ajudando a alcançar vários títulos mundiais e europeus de triatlo e duatlo em diferentes escalões, sendo distinguido pela Confederação de Desporto de Portugal com o título de Treinador do ano 2006 e conquistando o título de campeão do Mundo Elite Feminino em 2007 e medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.

A partir de 2005 passei a ser formador de treinadores da Federação Internacional de Triatlo, também com participação em training camps e apoio a competições para atletas oriundos de países em desenvolvimento com possibilidade de participação Olímpica, funções que continua a desempenhar ainda hoje. Também no âmbito dos treinadores, desempenhei entre 2013 e 2020 o cargo de presidente da Associação de Treinadores de Triatlo de Portugal (ATTP).

Em 2010 assumi a direção técnica da empresa municipal DESMOR, num projeto a 8 anos para a internacionalização, inclusão de serviços de apoio técnico diversos no complexo desportivo de Rio Maior, e criação de uma equipa multidisciplinar com capacidade de resposta para desafios do Alto Rendimento. Durante esse período, fui o Treinador Olímpico de Confederação Brasileira de Triatlo entre 2011 e 2016, projeto que deu início a projetos com atletas estrangeiros residentes em Rio Maior.

Desde 2018 assumi o cargo de Diretor Técnico Nacional da Confederação Brasileira de Triatlo e fui o Team Manager para os Jogos Olímpicos de Tokyo 2020 (em 2021), estando nomeado para o mesmo cargo para o Jogos Olímpicos de Paris 2024, sendo essa a sexta Olimpíada consecutiva onde participarei, depois de Atenas 2004 e Pequim 2008 ao serviço de Portugal e Londres 2012, Rio 2016 e Tokyo 2020 ao serviço do Brasil.


3) Com um currículo repleto de conquistas e de trabalho com grandes atletas nacionais e internacionais, o que te motivou a trabalhar com atletas amadores? 

Muito simples. Eu próprio fui amador enquanto triatleta e sei da dificuldade em coordenar a vida familiar, profissional e o treino. Deixo sempre bem claro aos atletas amadores que treino, que o hobby deles, seja Triatlo, Duatlo, Corrida, ciclismo, ou outro, é a terceira coisa mais importante da vida deles. Copiar modelos de atletas profissionais não funciona com amadores, pois o PRO, têm como primeira prioridade treinar e competir. É com essa consciência que tenho implementado um método de treino ajustado a todas as realidades individuais, implementando métodos de avaliação e acompanhamento do treino até há bem pouco tempo reservados aos PRO. Cada treino é um treino importante para quem tem o tempo limitado, e como, a minha proposta com o projeto ONTRISPORTS, é tirar o melhor de cada um de acordo com cada realidade. A minha formação é de alto rendimento, portanto com presença diária junto dos atletas, que considero essencial. Para os amadores, apesar da nossa metodologia ser toda ela possível à distância, pois cada uma tem a sua área de residência, primamos pelo contacto constante, feedback permanente e tentamos sempre que possível estar com os atletas em competições, training camps e outras atividades que organizamos. Continuo a gostar de dizer as coisas olhos-nos-olhos, “sentir” o treino e dar o feedback o mais próximo possível da tarefa.


4) Quais as diferenças e as semelhanças mais marcantes em treinar atletas profissionais e atletas amadores? 

O tempo, a prioridade, o objetivo e também a genética em maioria dos casos. Os atletas de Alto Rendimento passam por um crivo de seleção natural, em que no final da sua formação, apenas alguns, poucos, ficam. A qualidade genética, que não é apenas física, antropométrica, metabólica fisiológica, mas também mental, dos atletas profissionais, permite atingir níveis que a maioria dos amadores, com as mesmas condições de treino não conseguiriam. A consciencialização do limite é importante. Os PRO treinam para ganhar. Os Amadores devem ser competitivos, é bom desenvolver essa faceta, mas os objetivos de promoção da saúde, bem-estar, e criação de hábitos de vida saudáveis devem estar em primeiro lugar. Os amadores “precisam” de algo para equilibrar a vida familiar e profissional. O terceiro pilar desse tripé, é o treino e a competição, seja de que modalidade for.


5) Que recomendações darias a quem quer começar a treinar para fazer a primeira prova de triatlo?

Adequar o objetivo à realidade de cada um, começar gradualmente, e ter a consciência que não se chega a distâncias “ultra” de um dia para o outro. É cada vez mais comum sermos abordados por amadores que querem correr a sua primeira maratona sem sequer terem ainda corrido uma meia, ou que pretendem cortar a meta do Ironmam pouco tempo depois de terem competido num triatlo sprint. Tudo é possível, mas há que respeitar o corpo. Creio que os 2 artigos abaixo dizem quase tudo:

Cinco dicas para o primeiro triatlo - Federação de Triatlo de Portugal (federacao-triatlo.pt)

BOM SENSO E SENTIDO DE RESPONSABILIDADE - ONTRISPORTS


6) O Ironman tornou-se o sonho de muitas pessoas, achas possível que um atleta que comece do zero consiga completar uma prova tão dura? 

Sem dúvida! A prova disso é que acontece em cada ano. Mas começar do zero não quer dizer de um momento para o outro. No ponto acima o que realmente penso deste tema.


7) O triatlo em Portugal tem se tornado cada vez mais popular, como vês esta modalidade no país nos próximos anos? 

Tudo vai depender das políticas desportivas a serem implementadas. Não tenho dúvidas que o interesse é cada vez maior, mas também sei que o que move as pessoas são os desafios, os projeto pessoais e o desejo de “cortar aquela meta”. Se a Estado e a tutela do desporto der orientações claras e apoios para que os grandes eventos aconteçam, a Federação de Triatlo de Portugal tiver uma política adequada para proporcionar aos amadores o que procuram, e existir controlo sobre quem presta serviços de formação, o Triatlo está condenado ao sucesso. O que tenho constatado é que o calendário desportivo nacional não se adequa aos amadores, existindo já felizmente algumas organizações privadas, as mais procuradas, que entregam o que os amadores procuram. O calendário nacional da Federação está vocacionado essencialmente para a estrutura de Clubes, de escolas de triatlo, o que é bom por um lado, na formação de jovens, mas não tem qualidade para os amadores que procuram concretizar projetos pessoais com o Ironman. Esta tarefa deve ser cada vez mais dos organizadores privados e a Federação terá mais tarde ou mais cedo de perceber que a sua vocação não organizar provas, até porque há já felizmente quem o faça bem melhor em Portugal.


8) Qual a mensagem que gostavas de deixar para aqueles que gostariam de começar a praticar o triatlo? 

Conheci atletas que atualmente fazem provas longas de triatlo que não conseguiam nadar 25m de seguida, que não se sabiam equilibrar numa bicicleta, ou que simplesmente não conseguiam correr porque tinham excesso de peso. O meu primeiro conselho é procurarem apoio de pessoas especializadas e que consigam individualizar todo o processo, criando simultaneamente dinâmicas de grupo estimulantes. Todos os objetivos são válidos, merecendo uma preparação cuidada. Foi para isso que criámos a ONTRISPORTS e que nos dedicamos a tempo inteiro para ajudar a concretizar os vossos sonhos.