Mariana Feijão: psicóloga e sport mental coaching
1. Quem é a Mariana e a sua formação.
Psicóloga clínica e Coach Mental do Desporto, Formada em 2008 pela Universidade do Sul de Santa Catarina. Mestre em Psicologia Forense na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, com estudos na personalidade humana.
Formada no Atleta Campeão por Mayra Ramos; Especialista em EMDR, com foco para o processamento em provas, crenças limitantes e traumas.
Atualmente residente em Cascais, Portugal. Acompanha alguns atletas de elite e olímpicos e vários nomes promissores dos mais diversos desportos, a sua maioria em Portugal mas também no Brasil, Estados Unidos e Emirados.
2) Mariana, conta-nos um pouco sobre o teu trabalho, o que faz um Sport Mental Coach?
O meu trabalho foca-se no treino Mental. Treinar a mente para alguma situação. Há uma necessidade crescente de cuidar da nossa força mental, mudar o foco através do pensamento.
Cuidar do seu envolvimento e da sua mente, mudar a forma de pensar sobre si, os outros e o mundo, vai fazer o seu foco ir por um caminho positivo.
Já pensou que muitas vezes passamos o nosso tempo a tentar focar em tudo aquilo que não conseguimos controlar?
Só há três coisas que conseguimos controlar e precisamos fazer em cada modalidade: pensamento (o conteúdo do pensamento pode influenciar a performance); sentimento (agir de acordo com seu objetivo); e sensação (qual sensação você escolhe levar para uma prova).
Poderia colocar 3 aspectos como essenciais no processo: concentração (sentir e trabalhar as emoções fazem você estar no momento presente); foco (perceber onde você quer chegar e o que fazer para lá estar); pensamento neutro (gerir o diálogo interno?.
3) O que te motivou a decidir trabalhar com atletas?
Podia falar durante horas, mas, basicamente, eu adoro perceber que algumas mudanças fazem grandes transformações na vida do atleta de maneira global.
4) É notório o impacto do teu trabalho nos resultados dos atletas tanto amadores como profissionais. Há diferença na preparação de cada um?
Eu não costumo distinguir a preparação entre os profissionais e os amadores, mas sim entre a demanda trazida por cada um, de modo muito subjectivo.
Todo o nosso processo, desde o início da construção do sujeito enquanto ser, são desenvolvidas crenças e valores limitantes fortalecedores do comportamento, assim como filtros e situações de vida que levamos para todo o contexto em que estamos envolvidos.
O emocional é uma resposta sobre algo que aconteceu no passado e revivemos no presente.
É importante saber que cada pessoa, cada inconsciente, carrega uma história que a faz comportar-se de uma determinada maneira. Esse inconsciente acaba por gerar comportamentos que podem diminuir ou fortalecer o desempenho. Logo, o trabalho não depende do tipo de carreira, mas sim, da historia de vida de cada um, daquilo que está limitando o seu processo.
5) A pressão externa pode causar grande stress na vida de um atleta, como contornar essa pressão?
A pressão é necessária para o desempenho em prova. Entretanto, ela pode ser vivida de maneira positiva, pois ela pode ser o gatilho para entrar no flow. Quando temos o reconhecimento do trabalho, de onde pertencemos, dos recursos que utilizamos para evoluir, a pressão é uma alavanca no processo para quem está preparado e racionaliza sobre isto.
6) Quais são os maiores obstáculos que os atletas enfrentam durante a preparação de um evento importante?
Com certeza a ansiedade. Essa é uma palavra que aterroriza as pessoas cada vez que a escutam. Porém, a ansiedade é um estado primitivo que nos leva a dar uma resposta automática a um evento novo ou que significamos como com alguma gravidade.
7) Por que é que achas que existe tanta resistência das pessoas em procurar ajuda profissional no que diz respeito à saúde mental?
Acho que essa resistência já foi maior. Entretanto, quando a saúde mental é algo que não vemos ou sentimos realmente o mais fácil é procurar alternativas exteriores, como a comparação e/ou expectativas para responder ao que está a acontecer.
8) Que mensagem gostarias de deixar aos leitores a respeito dos benefícios do cuidado da saúde mental?
Há estudos que comparam situações de Treino VS Competição pela regra dos 90.
Um atleta utiliza cerca de 90% da parte física em treinos, e 10% da parte psicológica. No dia da prova esse sistema inverte-se, o cérebro assume que nesse momento tem muito em causa e as emoções passam a controlar o corpo, passando a ser 10% fisico e 90% ou mais psicológico.
Poderíamos personificar que são as emoções e os sentimentos que vão competir no dia de prova, e não o nosso corpo… o nosso fisico.
Falta de confiança, insegurança, medo de não corresponder às expectativas, ansiedade patológica,
auto-sabotagem, sintomas fisiológicos e crenças limitantes, normalmente surgem nos dias que antecedem as provas e durante a própria prova.
Existem técnicas da Psicologia e do Coaching mental que podem aumentar drasticamente os resultados e ajudar a obter alta performance, onde o único resultado que importa é o FLOW.